BBB21 e os efeitos da cultura do cancelamento

A 21ª edição do Big Brother Brasil começou há pouco mais de três semanas e já está dando o que falar nas redes sociais. Tema até então discutido apenas na internet, a “cultura do cancelamento” tem sido abordada dentro e fora do reality. A pauta foi debatida pelos participantes logo na primeira interação do grupo, na qual todos compartilharam suas experiências nas redes sociais e o medo de ser cancelado pelo público.

Passado um ano desde o início da pandemia, esperávamos um entretenimento leve, um momento de alienação em meio ao caos que a crise de coronavírus trouxe para o mundo inteiro. Acontece que o que deveria ser divertido e nos entreter virou gatilho para crises de ansiedade e depressão. O que estamos assistindo na casa mais vigiada do país é um grupo de pessoas emocionalmente instáveis, com pouca autocrítica, medo do julgamento alheio, falta de empatia e inabilidade social. Reflexo de um ano de confinamento na vida real? Talvez. De fato, o isolamento causado pela pandemia deixou os ânimos de todos nós à flor da pele.

Karol Conká

A rapper Karol Conká tem sido bastante criticada nas redes, ela perdeu seu favoritismo no programa por sua relação com o brother – agora eliminado, Lucas Penteado e a participante Juliette. Com comentários xenofóbicos e atitudes consideradas tortura psicológica, a cantora está sendo cancelada na web e perdendo vários contratos de trabalho.

Antes de abordarmos os efeitos da cultura do cancelamento, é importante entendermos o que significa o termo no mundo real e digital.

O cancelamento é um tipo de boicote da sociedade para determinado grupo ou pessoa, que retira o cancelado de sua vida e não permite que ele o acompanhe sem alguma “punição”, que pode ser temporária ou definitiva. E o que é preciso para ser cancelado? Para ser cancelado é preciso que a pessoa, grupo ou empresa tenha feito ou dito algo não tolerado nos dias de hoje. Seja um comentário preconceituoso ou qualquer outra coisa que não está dentro do padrão de desconstrução social.

Apesar de serem figuras públicas (no caso dos participantes do grupo “Camarote” do BBB), é importante lembrarmos que o cancelamento não deve ser usado como linchamento virtual. Os cancelados da edição passada do programa, por exemplo, serviram para indicar pautas que deveriam ser discutidas, como o feminismo e o antirracismo. Cancelar por cancelar é pura violência, não há entretenimento nenhum nisso.

Os ataques virtuais massificados por muitas vezes extrapolam os limites da livre manifestação de pensamento, e evoluem, de fato, para um linchamento virtual que pode provocar uma propagação de discurso de ódio e ainda incorrer em crimes como injúria ou difamação. Nessas situações o cancelado acaba adotando medidas judiciais em face daqueles que propagaram ofensas, divulgaram informações falsas e coisas do tipo.

É. A pandemia tem nos deixado estranhos e com os sentimentos aflorados. Diferentemente da edição passada do reality, o BBB21 está pesado, difícil de assistir. Esperamos que diante de toda essa onda de cancelamento, saibamos “cancelar” alguém sem ofender, humilhar e expor fatos desnecessários sobre a pessoa cancelada.

E você, o que acha da cultura do cancelamento? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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